Wednesday, May 4, 2011

Do outro lado




...faz, por agora e dias, 5 anos.

De ingenuidades.

Ah! mas se o que eu quero é a terra
os espaços
escrever só com o olhar enquanto os olhos

ver o indizível

ouvir só com os olhos enquanto abertos

beber sons que não sei

2 comments:

Lizzie said...

Pois, existem sítios, sensações, espaços que ultrapassam a gravidade do físico, que esmagam qualquer palavra.

Ou melhor, tornam as palavras simples adereços de uma viagem maior.

Tal coisa também se aplica à morte da ingenuidade. Da ilusão. Do plano e liso estado de graça.

Como já deves ter percebido, em algumas circunstãncias, vi muito cedo o lado avesso das coisas. Fica uma pessoa situada numa espécie de terra de ninguém. A olhar as rugas do horizonte, as tais que não se vêem no postal ilustrado da euforia.

Mas apesar das palavras cicatrizadas pela desilusão, existe a intemporal grandeza da cor dessa torneira, a que me faz lembrar, imaginando, o labor das oficinas dos pintores medievos: quantas terras não escavaram, quantas rochas não moeram, para conseguir o pigmento. E a natureza a rir-se de tal ambição.

Essa paisagem de encontro entre o sólido e o liquído, é parecida com aquela em que tenho assento na região Oeste.
Onde se refugiam sons e livros, cores e palavras silenciosas.

Tenho como intenção e vontade, daqui a uns tempos, dividi-la com Madrid e assim passar os meus dias.

A aprender outra vez a capacidade da pausa e do constante deslumbramento.

Porque é bom uma pessoa encostar a cabeça às paisagens e tornar-se activamente passiva sem ser demissionária. Apenas viver com a suavidade dum poisar sem pressa.

Beijinhos

clickit said...

Com o vento
do tempo
o sólido e o líquido flutuam, azeite na água, sem mistura. Lugares que amamos e lugares possíveis. A lamparina do passar, credo na boca.
Estou no longe, de desejar. Sem me repartir nos mil pigmentos da vontade: há as vontades e há "A" vontade. Diria obrigação.
.
Assim, quedo-me no sítio, cruzado. E faço pequenas sortidas de lobo. Aos lugares, comuns, de belezas redescobertas.
Mas digo: o espanto, a desilusão são ondas grandes.
Bjinho