Wednesday, May 26, 2021

Madrugada

Alguma confusão ao acordar de repente. A vacina, o cansaço, a inquietação? O sol? o mar?

A lua na madrugada de hoje tinha uma cor de nata. Ou de crisântemo. Ou de gardénia.

E a seguir vêm todos os pensamentos e lembranças da idade inocente. Sem conseguir adormecer de novo, repete-se nítida a sequência de imagens, nomes, cores, lugares, de há tanto tempo. 

Que passagem é esta e até onde?

Serei eu?

Ou quem?


Thursday, May 6, 2021

Inquietações e rodas

De pensamentos inquietos que rodam e enrodilham. Nestes dias em que algumas notícias chegam, também de pessoas que nem conheço mas que considero conhecidas. Outras que me vieram à memória.

O absurdo do "sofrimento", sofrer continuadamente, algo que me assusta muito. Saber e sentir a dor. E veio-me à ideia uma exposição de desenhos de Goya, de bruxas e mulheres velhas. Não que aprecie particularmente as obras do pintor espanhol mas esta exposição - onde não se podia tirar fotografias - provocou-me sobressaltos. De certo modo, transtornou o meu bem estar na altura em que andei por lá, 2015. Esta noite pensei em algo de que agora não me lembro... mas tinha a ver, não com fantasmas, mas com ataques ou cercos à integridade física e psicológica. E as imagens das bruxas, das sombras antigas, a pairar na mente.

Subimos a vida, uma bela escadaria azul que nos promete a claridade
O contorcionismo que fazemos para nos adaptarmos às realidades, das pessoas, dos acontecimentos
O carrossel onde somos obrigados a girar, a magia que imaginamos encontrar
e apenas uma pequena abertura entre duas metades de nós: a vida e a morte.
As pessoas que se foram em outros anos, nestas épocas, Março/Maio.

São assim as tristezas, um assalto de vultos mal definidos. Curiosamente, ouço-lhes as vozes, eu que mal ouço no presente. Como num eco de sons vindos do espaço.

O espaço que ignoro onde esteja na minha cabeça.