Tuesday, December 8, 2015

8 Dezembro 1947


Era feriado e dia da Mãe. Casaram há 68 anos, ele morreu depois dela, passados 2 meses: como se quisessem continuar juntos, no nada.
São um mistério do entendimento desentendido, para mim.
Mas não interessa: lembrei-me deles.

Tuesday, November 24, 2015

A propósito de ruínas

Há 3 anos cortaram a árvore que adoçava, e quase escondia, a ruína ao lado. As casas, notei-o logo que as vi há mais de 40 anos, eram em estilo inglês, recuadas com um jardinzinho, um lanço de escadas para a porta, quintal atrás.
Este plátano fazia parte da minha vida aqui, regulava-me as estações lá fora.
Imagino-o.



...que remédio tenho eu?




Wednesday, October 28, 2015

Águas

Descobri hoje a casa dos meus pais a alugar naqueles lugares (ia dizer lugarejos) da nova democracia (ganha dinheiro com qualquer coisa e a qualquer preço e melhor ainda se for "por baixo da mesa").
Nada de especial que não saiba à volta do meu mundo conhecido.


O que me faz vir "a água" aos olhos são as particularidades deste negócio "da china". A crise, os anos de espera, as despesas, fizeram-nos vender o apt através duma agência e por metade do valor por que foi comprado há mais de 20 anos: com uma grande parte das mobílias e electrodomésticos. A jovem madama fez-nos a vida negra com atrasos em prazos estabelecidos, pedinchices e exigências; nem lhe quisemos ver a cara.
E os bancos "emprestam" dinheiro não para "habitações para viver" mas para rendimento!
Tantas vezes, na minha vida de emprego, família, amigos, ignorar as coisas teria sido mais benéfico para mim. Para que não me consumisse com justiças e igualdades de direitos e deveres.
É a água de Outubro que me sobe.

Saturday, October 10, 2015

Não chegará o dia

...mas ficam os sonhos que comandam a vida minha.
Sempre. Vários com denominadores comuns: natureza, arte, evasão, estética.
Nos sentimentos como nos gostos.

A casa que eu poderia escolher na minha imaginação, era esta. Espaço, montes atrás, barco na água pequena, mar depois da areia, língua coleante que os caprichos dele fazem e desfazem. Um dia a olhar a ria é um filme sobre viver e sobreviver; ou renascer, na água, nos animais e plantas que dela se alimentam.


Corvos marinhos a secar as asas, árvores à frente...
mas não tantas que não me deixassem ver o infinito.
Hei-de falar sobre o barqueiro que nos conta coisas do lugar.

Wednesday, August 26, 2015

Paris à volta de,

A tentar manter o equilíbrio, do que gosto e desgósto (errado? mas não é desgôsto, é mesmo desgósto).


Pesam-me ausências na cabeça,
pesa-me silêncio vazio no "permanecer", apesar de.

 

Friday, August 7, 2015

De Agosto

...levo o desejo.
De Paris au mois d'août.
"Pour te dire je t'aime/aussi loin que tu sois/une part de moi-même/reste accrochée à toi"
Je me souviens de tous les mots, des chansons, des boulevards, de la jeunesse, de la tendresse.









Revenir. Jusqu'à la fin des jours.


Wednesday, June 17, 2015

Junho (a)meia-se

"As coisas não são como tu as queres 
mas como elas se apresentam"

Lembrei-me deste dito do meu pai, quando me queria contrariar; e eu que via sempre tudo por alegorias e era "um espírito de contradição" (este era um dito da minha mãe!).
Assim
vejo a árvore-morta-que-ficou-escultura

os raios dos poentes metáforas-de-adeus entre os brilhos da tarde

as flores-alface
Apresentam-se como são, vejo-as como as imagino.




Sunday, May 3, 2015

... e Maio arranca

No labirinto das semanas e no compassado rodar dos dias.
Entre cá e lá, fora e dentro, como diria a Vitorinha.
Foi dia da mãe na 5ª feira: e do pai. Tratei do resto, das pessoas ligadas, do que me cabia escutar de memórias de outros. Despedi-me do rádio do início dos anos 60, o que tinha FM e onde ouvia o "Em Órbita", o "Alegria ao Volante"...



Tive o gosto de visitar devagar esta galeria - e outras - e outros. Cabeça e pensamento interior, de volta e à volta, com que tempo soltarei as "minhascoisassoltas"?

Saturday, April 11, 2015

... Abril vai

E o meu coração balança e bate.
No ritmo dos calores e ventos que vieram de repente.
E na pressa de rever os lugares tão especiais, os que fizeram os meus verdes anos e os meus inquietos 40. Cogito nas minhas décadas e todos os desejos de mudança que fui atravessando ou sendo empurrada pelos acontecimentos.
"...toda a quimera se esfuma
     como a brancura da espuma
    


que se desmancha na areia."
(mais uma canção antiga! e no passado revejo tantas lições)
    

Thursday, March 12, 2015

Março chega

... com os seus ventos de mudança, o pólen inquieto que muda de lugar, as sementes que voam para um regaço de terra que as acolha. Como acolhe a morte, recebe a vida.


Que encontro marcar a uma pedra caída?


1 de Fevereiro é passado sem que consiga explicar a madrugada que tive, e porquê, o dia que era domingo e assim ficou, aberto na inquietude. Porque tudo deveria ter um princípio, um meio e um fim.
Se olhar o musgo dos anos passados, ele ainda me olha.


Por mais que se fique pardo e parado, confuso, há sempre o mundo que gira à volta e se fia nos fios das Parcas.

Thursday, February 26, 2015

O 25 de Fevereiro

... Anos como ondas. Nuvens como anos.




Olho o céu aqui, numa nesga dele, as dispersas nuvens em ondas que vêm dali. Passam o mar de todas as águas, os canaviais que já não estão, o "Monte Caulino" que deixou de existir, as camélias brancas que ninguém colherá por e para mim, os caminhos de praia e as pedras da vazante.





Tenho pena de não acreditar na vida depois da morte, sinceramente. Para sempre calados os segredos com os amigos desaparecidos.
Gostaria de dar uns abraços, ajustar umas contas em dívida ou em dúvida, sei lá... saber respostas a perguntas soterradas.
Mas muito especialmente, pensando nos meus mortos-de-coração, ajustar umas ternuras e afagos que ficaram por resolver.

Sunday, February 1, 2015

Ecos

Há lugares que não levam a lado nenhum. 
Mesmo se em miragem e em tantos anos os pensei seguros.
A terra anónima



e a corrente dos anos, passam fugazes.

O céu que nos cobre não será visto. Apenas a nuvem negra e uma gaivota fora de sítio nos prende à memória.

Wednesday, January 28, 2015

Do frio e da estátua

Que enregela e encolhe.
Pensar que não mas fazer que sim.

Que os anjos se soltem como aves possíveis.