Saturday, September 28, 2019

Amarelos

O Outono é um esplendor de cores em gradações de amarelos, castanhos, ocres, vermelhos. Deverei ter por aqui e ali, no Sul e no Douro, mil fotografias desse adeus da estação mais calma, mais introspectiva, do ano. A que prefiro.
Mesmo o Sol se inclina para "amarelar" e cair oblíquo, pincelando as telhas, as trémulas folhas das videiras, das árvores e o horizonte.
De repentes, a escolher ideias para um passatempo, dou conta da necessidade de dizer como a minha vida se "está a sentir amarela". Brincadeira (a sério a balbuciei) que disse aos amigos - o Belo e a Alice - com quem ia de carro para o campismo, há muito, muito tempo; e eles repetiram tantas vezes a frase da criancinha 4/5 anos?, porque enjoava sempre a andar de automóvel.
Hoje, muitas coisas me enjoam. Digo amarela como podia dizer enfadada.
Um enjôo psíquico que avança e se torna físico. Mesmo.
Encontros.









Estes instantes acima têm mais de 10 anos.
Em baixo, este tempo de folhas mortas, este Alentejo de agora. E a semelhança em que me encontro.



Friday, September 6, 2019

Deve ser...

...um indício da muita idade: cada vez mais me lembro de coisas antigas, ditos, músicas, estados, gente.
De manhã, tarde da manhã, claro! vêm-me à cabeça as letras inteiras de canções que ouvia, algumas nunca as cantei que eram do "antigamente" e perpetuavam a cinzenta e doentia forma de vida.
Mas outras são simples apontamentos de quem sempre gostou de música e outras tantas coisas que se mantêm, comigo e de mim. Como "Alentejo da minh'alma, que longe me vais ficando" ou "Aquela janela, virada p'ró mar". Muitas, brasileiras também.
As francesas e inglesas foi mais tarde.
Mas hoje lembrei-e foi de: "Falta de chá em pequeno". Não faço ideia donde vem o dito, sei que era sobre "falta de educação". E cada vez mais vejo e sinto as pessoas assim. Olho à volta, conto-as. Exceptuando o que penso das que "desapareceram do mapa", mortas ou afastadas (um dia me dará para falar delas), quase todas assim são, diria: brutas. Porque a delicadeza, a atenção pelos outros, a gentileza... puff, foi um ar que lhe deu!
Por aqui ando, juntando cacos.
De como sempre gostei das pedras e da natureza: foto que só tenho em tamanho muito pequeno, e desfocada. Tirada pela Tuxa, uma grande amiga à época. Sei de cor como era o meu vestido e o lugar onde a captou

Este grupo enorme, em Salgueiros, hoje falava dele noutro lugar: onde andam, tirando os que sei que morreram? que lembranças terão, ou nenhumas? Há um hiato na minha adolescência nesse período, fotos que outros tiravam e nunca vi, fotos perdidas.
Relembro algo de que gosto muito:
"If I know a song of Africa...does Africa know a song of me?" - Karen Blixen, no seu livro "Out of Africa"
Quando e como, os comboios em Coimbrões passavam à hora certa, e eram raros, se é tão jovem que a morte não existe...
De luz na sombra: que o meu cérebro se apague antes porque pensar é, muitas vezes, sofrimento
Aqui estão: uma pedra-fóssil, um minúsculo baú pintado por dentro, a querida L. comigo a rir, num caminho do sul, três pequenas estatuetas de deusas indianas, duas caixinhas com bonecas índias da Guatemala, um quadro de Picasso vindo de Londres, uma estrela de contas roxas, o menino pequeno cheio de caracóis
(acho que tive chá a mais, em pequena)