Pois, existem sítios, sensações, espaços que ultrapassam a gravidade do físico, que esmagam qualquer palavra.
Ou melhor, tornam as palavras simples adereços de uma viagem maior.
Tal coisa também se aplica à morte da ingenuidade. Da ilusão. Do plano e liso estado de graça.
Como já deves ter percebido, em algumas circunstãncias, vi muito cedo o lado avesso das coisas. Fica uma pessoa situada numa espécie de terra de ninguém. A olhar as rugas do horizonte, as tais que não se vêem no postal ilustrado da euforia.
Mas apesar das palavras cicatrizadas pela desilusão, existe a intemporal grandeza da cor dessa torneira, a que me faz lembrar, imaginando, o labor das oficinas dos pintores medievos: quantas terras não escavaram, quantas rochas não moeram, para conseguir o pigmento. E a natureza a rir-se de tal ambição.
Essa paisagem de encontro entre o sólido e o liquído, é parecida com aquela em que tenho assento na região Oeste. Onde se refugiam sons e livros, cores e palavras silenciosas.
Tenho como intenção e vontade, daqui a uns tempos, dividi-la com Madrid e assim passar os meus dias.
A aprender outra vez a capacidade da pausa e do constante deslumbramento.
Porque é bom uma pessoa encostar a cabeça às paisagens e tornar-se activamente passiva sem ser demissionária. Apenas viver com a suavidade dum poisar sem pressa.
Com o vento do tempo o sólido e o líquido flutuam, azeite na água, sem mistura. Lugares que amamos e lugares possíveis. A lamparina do passar, credo na boca. Estou no longe, de desejar. Sem me repartir nos mil pigmentos da vontade: há as vontades e há "A" vontade. Diria obrigação. . Assim, quedo-me no sítio, cruzado. E faço pequenas sortidas de lobo. Aos lugares, comuns, de belezas redescobertas. Mas digo: o espanto, a desilusão são ondas grandes. Bjinho
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Pois, existem sítios, sensações, espaços que ultrapassam a gravidade do físico, que esmagam qualquer palavra.
Ou melhor, tornam as palavras simples adereços de uma viagem maior.
Tal coisa também se aplica à morte da ingenuidade. Da ilusão. Do plano e liso estado de graça.
Como já deves ter percebido, em algumas circunstãncias, vi muito cedo o lado avesso das coisas. Fica uma pessoa situada numa espécie de terra de ninguém. A olhar as rugas do horizonte, as tais que não se vêem no postal ilustrado da euforia.
Mas apesar das palavras cicatrizadas pela desilusão, existe a intemporal grandeza da cor dessa torneira, a que me faz lembrar, imaginando, o labor das oficinas dos pintores medievos: quantas terras não escavaram, quantas rochas não moeram, para conseguir o pigmento. E a natureza a rir-se de tal ambição.
Essa paisagem de encontro entre o sólido e o liquído, é parecida com aquela em que tenho assento na região Oeste.
Onde se refugiam sons e livros, cores e palavras silenciosas.
Tenho como intenção e vontade, daqui a uns tempos, dividi-la com Madrid e assim passar os meus dias.
A aprender outra vez a capacidade da pausa e do constante deslumbramento.
Porque é bom uma pessoa encostar a cabeça às paisagens e tornar-se activamente passiva sem ser demissionária. Apenas viver com a suavidade dum poisar sem pressa.
Beijinhos
Com o vento
do tempo
o sólido e o líquido flutuam, azeite na água, sem mistura. Lugares que amamos e lugares possíveis. A lamparina do passar, credo na boca.
Estou no longe, de desejar. Sem me repartir nos mil pigmentos da vontade: há as vontades e há "A" vontade. Diria obrigação.
.
Assim, quedo-me no sítio, cruzado. E faço pequenas sortidas de lobo. Aos lugares, comuns, de belezas redescobertas.
Mas digo: o espanto, a desilusão são ondas grandes.
Bjinho
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