Saturday, February 26, 2011

MM de Minha Mãe



Não te juntei com ela, Mãe, porque é mais dela que me lembro nessa data.
(Se calhar acontece-me como com a tua, recordámo-las melhor pelo amor que nos deram; e quando já é passado).
Nunca foste uma grande Amiga, servias-te mais de mim como um escudo teu. Balançaste o teu amor para um lado só e nunca te posicionaste - nem hoje o dizes - contra a dura e sobressaltada vida que os dois me deram.
Não tivemos conversas "de coração", Mãe. Escapavas-te aos meus problemas para proteger a fachada da família e sempre-nunca tiveste culpa nenhuma. Como o dizes variadamente.
Mas será que as árvores floriram assim no dia em que nasceste, há já tantos anos?
E será que o teu lamuriento sorrir de agora se aproxima vagamente do riso que tinhas comigo ao colo?
E amarei eu mais essa figura bonita e frágil mas determinada (a ter a filha tão nova, a casar, a trabalhar) do que a espalhafatosa senhora das mil objecções em que te tornaste? Posso eu hoje deixar de recordar a roda a que nos ataste a ambas?
Mãos de prata te diziam.
Dá-me as tuas mãos, Mãe, e vamos passear pelo que "gostaríamos de ter feito juntas".

5 comments:

teresa g. said...

:')
Sentido...

Justine said...

Perguntas pungentes, a que nem tu nem ela saberão responder...Fica a emoção!

Lizzie said...

Não se pode modificar o que já nasceu para não poder ser modificado.
Porque certas coisas têm a sua natureza e tal natureza fere sem intenção ou noção de ferir.
Talvez porque ache certo, sem análises. Apenas com um redondo "porque sim".

Divido grosseiramente, nestes pontos, as mulheres em duas categorias. Não que seja psicóloga ou psiquiatra. Nada disso.

Só observo, mas acho que as há que já nasceram mães e as que são eternamente filhas dos homens.

Por isso vejo mulheres que tudo conversam "do coração" com os filhos e que por eles se batem e pagam qualquer preço.

E, por isso, vejo outras que amam os maridos até á insanidade da dependência mesmo que sejam massacradas, batidas e que de tanto aceitarem e desejarem essa "paternidade", acabam por os amar como filhos, de os proteger.

Quantas vezes mantêm a fachada para acreditar nela?

Talvez os filhos sejam um acessório para um conjunto correcto. Tornam-se de certa forma intocáveis e de missão cumprida.
Claro que os amam mas há pessoas que têm o dom de multiplicar o amor e outras que só o sabem dividir.



Vale mais aproveitar o lado bom da aritmética. Pelo menos os sorrisos e os passeios acabam por lavar a mágoa do que nunca se fez ou se pôde fazer.


Beijinhos

bettips said...

Tens razão, Lizzie, melhor deixar dançar o pensamento
pelos lugares das memórias lindas
e ímpares.
Sim que eu gosto mais dos números 1, 3, 5, 7 etc...
E de memórias sem retorno.

M. said...

São tantas as razões que condicionam as nossas relações com os outros. E assim nos magoamos constantemente, mesmo sem que o queiramos. Mas na verdade o irremediável, ou o que se julga irremediável, dói muito.