Sunday, February 20, 2011

Ainda, as pedras








Porque me apetece ver um amor luminoso
eterno
datado
de tantas vezes que não dou por ele

Abre-se uma grade que range no tempo
um ferrolho que guarda
imagens de interrogação

Uma janela do mundo, um carinho de renda

expressão da pedra e do sentimento
num labor íntimo com o passado

2 comments:

Lizzie said...

Estes cenários de pedras organizadas, trabalhadas, fazem-me sempre lembrar os passos e o seu eco. Quase que ouço.

E amores que se escondiam e ainda se escondem. Com a sua linguagem clandestina, secreta que mais ninguém, sem serem os cumplices, entende.

A linguagem, hoje decifrada, dos pequenos gestos, da forma de movimentar o leque,o lenço, a mão, a cabeça, o olhar.

O amor selado pela honra íntima dos amantes. A vida que se dá, que se ganha chegando a perder-se, pela figura do amor sonhado.

Ficamos com a impressão de um amor sublime, elevado e nunca rasteiro nem mesquinho e muito menos imposto.

Enfim, um amor sorridente que se esconde nas sombras, não vá o sol do mundo queimá-lo.

Maria Trindade Goes said...

...e mais um fim de semana...desta vez vou apanhar mais pedrinhas que o mar devolve depois de as esculpir ou massacrar, sei lá qual é a intenção dele, sei lá se vai lavar a semana pesada que ficou numa cesta cheia daquilo em que não acredito que isto é um país que se maquilha sem tomar banho.

Se não houver nada em contrário, lá irei saborear a renda das ondas a acariciar-me os pés e os tornozelos que a história me tornou magoados.

E lá irei visitar a casa em ruínas, de pedra, que parece e foi erigida por um amor eterno que falhou. Mais uma história para contar à lareira, qualquer dia e em breve.

Também não sei se não haverá outra vez adiamento de uma decisão em relação a Doña Rosa, já com tanta idade de descanso mas em permanente fuga da casa a que os outros chamam dela e que ela sente com conteúdo que a abocanha, Doña Élis vou-me lá divorciar com esta idade e o que será feito daquele desgraçado e os filhos têm a sua vida.

Doña Rosa ficou com uma pedra no coração que não lhe deixa bem bater a vida. Acho que já nem lhe reconhece a forma. Mas prontoComo tantas outras.

E a amiga texana, de cabelo liso levará, no Domingo, o seu amor maduro para uma temporada no Texas e nós, família, a pensar para dentro, não leves que nos faz falta aquele sorriso doce que nos reconcilia com os dias azedos ou sem importância.

Mas pronto, Vê lá tanta conversa só para desejar bom fim de semana. Com olhos de ler as pedras, os cisnes e tudo o que abra o mundo:))


Beijinhos