Thursday, March 2, 2023

Quando...

... o pensamento larga-se e alarga-me como a nuvem a correr. Uma palavra, uma imagem, um papel.

Ah! se eu tivesse um muro. E esse muro fosse de pedra, tivesse uma hera trepadeira e hidrângeas azuis na faixa de terra abaixo. Uma argola antiga dos cavalos que houvera e onde poderia perdurar uma "casinha de pássaros". A seguir um pátio onde as ervas selvagens e inesperadas alegrassem a calçada tosca. Canteiros com alfazema, rosas e outras flores em maciço avulso. Duas japoneiras verdes e brilhantes para se enfeitarem no Inverno. Um nicho de bambus. Coisa pequena, de verde e cores inesperadas. Uma estufa virada ao sol onde caberiam as fotografias, os quadros e algumas pedras. A casa branca e simples com a porta e as janelas pintadas de azul. Uma entrada ampla para parar os pés e os casacos, antes da cozinha com janela e uma mesa grande de madeira. A sala de repouso, com os sofás das noites, diz-se "de estar", logo a seguir. O escritório de duas janelas viradas para o verde, com todas as estantes e todos os livros, uma secretária cheia de gavetas. Um corredor largo com armários em vidro e as mil recordações repostas. Os quartos podiam ser quase monásticos, apenas todas as coisas no sítio em que preciso delas. As tralhas-arrumos na garagem-cave. Mas, absolutamente necessário, um sótão para espreitar o poente e as estrelas.

Tudo isto, apenas visto este muro:

As fugas de folhear, ler, escrever.

(também foi a propósito de Frognal, Hampstead, lugar e assuntos que ficarão para outro click recordatório, visto que faço deste lugar uma espécie de solitário "parlatório")

 



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