Thursday, December 23, 2021

O difícil que é (ir)vivendo

Para vir ao meu jardim íntimo, para falar, teria de (me) explicar as tantas coisas que esvaziam e enchem os meus dias. Saudades novas a deixar saudades antigas. As conversas da minha menina-pássaro, as flores dos muros.



Os tempos, o da atmosfera, o dos dias, o do espaço, o das pessoas,

o amargo triturador de momentos bons.

 

 

 

Thursday, November 18, 2021

Lugar

Volto e (re)volto.


Dos inúmeros cruzamentos sem luz nem côr.

Volteio e vagueio, com o esperar se "por acaso a Primavera"

 Sobre o lugar onde nasci, mesmo. E os arredores da infância.


Thursday, August 19, 2021

De Liberdade versus confinamento

Li no "coiso" que hoje era Dia Mundial da Fotografia. Não ligo muito aos "mundiais" dias para tudo. Sou do tempo em que o dia da Mãe era o 8 de Dezembro e o da Mulher 8 de Março. Mas concordo que é preciso lembrar ao mundo algumas coisas de que se vai esquecendo: a Paz, a Terra, por exemplo.

Como tal dei uma vista de olhos por fotos antigas; procurava uma, específica, com a baía antiga de Ferragudo, que não encontrei. Em contrapartida, tinha algo digitalizado e à mão, de décadas atrás.

A minha avó da Ternura, a sua modéstia, as suas rugas, as suas plantas. Os seus, tão recordados são, olhos azuis
Uma lagareta no Pombal, perdida em terras que poderiam ter sido deles, do meu Avô e família.

É isto, amar a Fotografia, lembrar porque gosto delas aos milhares. Os pássaros, as luzes, o meu barco ancorado para sempre nestes amores meus. Lugares, pessoas.


Friday, July 16, 2021

De prisões

Da cabeça pensante e de outras, as físicas,

se fazem os dias de clausura. E as noites de pesadelos antigos. Sempre os mesmos lugares e gente conhecida. Como é possível, depois de anos de tantos dias e acontecimentos, o meu cérebro a dormir inventar outros?

Lembro-me do emaranhado dos pinhais e bosques rasteiros, quando se atravessava para o mar de Cortegaça: esse era verde e no fim da travessia acocorados, havia as dunas e o azul. 

Observei-as ontem, com a minha incompreensão antiga, do que era futuro no passado: tantos milhares de janelas "a ver o mar"!

 


Friday, July 2, 2021

Pedras (mais) e Palavras

... Perdidas. E assim faria um "PPP" de tons, sons diferentes. Porque ouço às vezes "L'Amitié" de Françoise Hardy, 1965, e tenho a maior parte da letra e música na velha lembrança:

"Beaucoup de mes amis sont venus des nuages

Avec soleil et pluie comme simples bagages

Ils ont fait la saison des amitiés sincères

La plus belle saison des quatre de la Terre

Ils ont cette douceur des plus beaux paysages

Et la fidelité des oiseaux de passage..."

Foram residentes dos dias. Agora, ou há muito, são aves migratórias do pensamento. 

MA. morreu há mais de um ano, AS. há mais de 20. 

L., a minha longa amiga companheira de dádivas, que sorria com a cara e os olhos, deixou-nos no início do ano 2000. O trio das belas palavras e livros sumiu-se. Outros de que não sei o rumo.

FM. vive longe e vidas (tão)diferentes. FC. perdida na memória de muito espaçadas notícias. PF. desapareceu do mapa, enriqueceu como calculado, aparece pelas redes sociais, se procurado, e é escultor "de santos". 


A restante "família" dissolve-se em afectos recalcados e mistérios nebulosos. Nem vale a pena nomeá-los.

Rasgos, riscos de frases. Algumas das cartas têm papel timbrado dos hotéis, de Londres. Pedras sobre assuntos?

 


Thursday, June 24, 2021

(des)Laços

Hoje estava a pensar (a minha mania) nas pedras. Aqui estava uma em frente, de 2005, um quartzo róseo, de Monfortinho, acho que me lembro do gesto de me baixar para a apanhar. Outra diz Algarve 2009 e é feita de conchas velhas incrustadas. Andam por todos os lados, gavetas e recantos, bocados de terras onde já não irei. Hábito de inúmeras ocasiões, pesado. Penso que, este hábito, tem a mesma idade das caixas e caixinhas e fotografias e escritos. Uma espécie de esqueleto invisível que segura a carne do espírito, da parte palpável, pelo menos. Agarro-a-pedra-agarro-o-espírito, da época.

E de (des)laços se vai fazendo este tempo vago entre as gentes que outrora se conheciam e davam. Sinto agudamente que estas realidades da doença, do medo, do contacto, torna muito distantes, muito mais distantes, os conhecimentos de antigamente. E não cria novos. 

Do deserto também tenho uma "rosa", algures.

A lembrança das pedras que se vão semeando pelos caminhos pessoais, faz-me dar a volta a lugares. E ilhas negras, memoráveis.






 E as inscrições, o som das pedras em Penha Garcia, muito mais antigas que a lava na Ilha de La Palma.







Um dia há tempos, comecei a tarefa de as escolher e deitar fora as mais "impessoais". Alijar alguma da  carga.

As outras... vão ficando. Quem as deitará ao lixo?


Thursday, June 17, 2021

Férias de Maio

Parte um? Não sei.

A sensação ao voltar, desta vez de um vôo mais pequeno, é de:

Pena, de um sítio tão bonito já tanto e tanto descaracterizado


 Promessa, dos figos ainda verdes: será que os vejo maduros?

Sorriso, de encontrar as violetas em vazo antigo, floridas harmoniosamente, como saudação

A casa é um sítio seguro, dos cantos conhecidos, apesar de.


Wednesday, May 26, 2021

Madrugada

Alguma confusão ao acordar de repente. A vacina, o cansaço, a inquietação? O sol? o mar?

A lua na madrugada de hoje tinha uma cor de nata. Ou de crisântemo. Ou de gardénia.

E a seguir vêm todos os pensamentos e lembranças da idade inocente. Sem conseguir adormecer de novo, repete-se nítida a sequência de imagens, nomes, cores, lugares, de há tanto tempo. 

Que passagem é esta e até onde?

Serei eu?

Ou quem?


Thursday, May 6, 2021

Inquietações e rodas

De pensamentos inquietos que rodam e enrodilham. Nestes dias em que algumas notícias chegam, também de pessoas que nem conheço mas que considero conhecidas. Outras que me vieram à memória.

O absurdo do "sofrimento", sofrer continuadamente, algo que me assusta muito. Saber e sentir a dor. E veio-me à ideia uma exposição de desenhos de Goya, de bruxas e mulheres velhas. Não que aprecie particularmente as obras do pintor espanhol mas esta exposição - onde não se podia tirar fotografias - provocou-me sobressaltos. De certo modo, transtornou o meu bem estar na altura em que andei por lá, 2015. Esta noite pensei em algo de que agora não me lembro... mas tinha a ver, não com fantasmas, mas com ataques ou cercos à integridade física e psicológica. E as imagens das bruxas, das sombras antigas, a pairar na mente.

Subimos a vida, uma bela escadaria azul que nos promete a claridade
O contorcionismo que fazemos para nos adaptarmos às realidades, das pessoas, dos acontecimentos
O carrossel onde somos obrigados a girar, a magia que imaginamos encontrar
e apenas uma pequena abertura entre duas metades de nós: a vida e a morte.
As pessoas que se foram em outros anos, nestas épocas, Março/Maio.

São assim as tristezas, um assalto de vultos mal definidos. Curiosamente, ouço-lhes as vozes, eu que mal ouço no presente. Como num eco de sons vindos do espaço.

O espaço que ignoro onde esteja na minha cabeça. 

 


Wednesday, March 31, 2021

Vasto Alentejo 2001-2016

Numa altura, um ano inteiro, meses e meses, em que é tão difícil pensar para além desta prisão domiciliária...

... falam-nos de férias prováveis, juntos com o casal e a menina. Ponho-me logo "a sonhar " e a ver onde, como. Alentejo é sempre um lugar de apetites, de distâncias, de lugares, uns específicos, outros perdidos pelas planícies. Onde sempre se encontram as flores, as pedras, as árvores, as escavações, as fortalezas, as pinturas; o que mais quero? Ler a terra e o campo e o céu com os olhos em deslumbre. E estando com a minha família dilecta, directa.

Digo do mármore, há mais de 20 anos

Digo do campo



Digo dos pormenores importantes
 



Digo de um hotel no meio do nada e o castelo ao longe

Digo confessando: a vontade de me espolinhar no chão de ervas

Digo das modestas flores de Maio



 
Digo... que tenho saudades!
 De Estremoz e ao redor.

Wednesday, March 10, 2021

Se

Tantas coisas na nossa vida, de nós as duas, começadas por "Se...". 

Mãe. 





Era Outono e saíamos, provavelmente para ir a um médico, nessa altura já não passeavas connosco. Também poderia contar pelos dedos as vezes que o fazias, era tão difícil convencer-te!

Se... tivesses aproveitado esta pouca família que tinhas...