Monday, April 27, 2020

Os livros antigos

Do PPP, uma proposta para escolher um livro que tivéssemos lido, não importava quando...
Um dos livros mais importantes "do meu tempo" pequeno foi este:

Calculo que pelos 9 ou 10 anos o tive. Eu comecei a ler antes de ir para a escola primária. Há portanto um lapso de tempo em que lia, ávida-a-mente, os livros ou revistas diversos e variados, em casa dos vizinhos ou nas prateleiras altas, o que vinha à mão.
Sendo - e sou - muito curiosa e dependente de leituras, prefiro procurar a perguntar, daí a pôr-me a ler, literalmente, o Dicionário. E havendo poucos livros em casa, este estava à mão para encontrar palavras e significados de coisas que ouvia ou lia; e de uma palavra ia a outra! Ao mesmo tempo, entrando no liceu, tive o Atlas, o autor era  pai do "vaidoso iluminado pela democracia em liberdade" e esse grande livro então! era uma maravilha, com os seus mapas, constelações e fotografias antigas do mundo como se conhecia. Já viajava por ele.
Mas, ao mesmo tempo (e não posso alongar-me pelas vezes em que pedi emprestado, trepei a algo mais alto para encontrar que ler em sítios esconsos... e lia tudo, mesmo tudo), havia os livros de infância que não esqueço e guardo ainda religiosamente:
- "História da Civilização" de Tomás da Fonseca, onde aprendi a sucessão dos anos antigos, Grécia, Roma, batalhas, conquistas, deuses, mitologia e símbolos
- "A maravilhosa viagem de Nils Holgersson através da Suécia", de Selma Lagerlöf, que me levou a ver pelo ar, agarrada ao pescoço de um ganso selvagem, as florestas densas e os gelos, os hábitos das pessoas e os bichos do norte
- "As mil e uma noites", edição de 1940, sem figuras, os contos de Scherazade, com todo o encanto das viagens e aventuras, histórias de que ainda hoje lembro os pormenores
- "O Feiticeiro de Oz", edição de 1946 (tradução de Maria Lamas), onde a viagem de Dorothy, do Espantalho Errante, do Lenhador de Lata e do Leão Medroso, em busca do Mágico de Oz (pela Yellow Brick Road, a música sempre me faria sorrir mais tarde!), era um encantamento
- Os livros do Dr. Vander, um luxo do meu pai, com toda a anatomia dos corpos e curas pelo Naturismo, muito antes de se falar nos "bios"


Comprei para o meu filho, e reli, mais tarde todos os livros "dos Cinco" que em pequena me inclinaram logo a tendência para a Inglaterra, os pequenos almoços e lanches, e aquelas terras verdes imensas e misteriosas. "As Viagens de Gulliver", os livros da Colecção Azul e da Condessa de Ségur, "O Gato das Botas", "Alice no País das Maravilhas". Serão estes alguns dos mais importantes na minha formação de criança, antes dos 10 anos.
Acompanhada estava, na minha pequena família sem irmãos nem primos.
Mas como a Memória nunca está sózinha,

mesmo no Silêncio deste confinamento, ainda tenho esperança que o vírus, "O Feiticeiro de Oz", seja um embuste, uma invenção maldosa, amparada pela comunicação e ampliada pela necessidade do negócio globalizado,
e o Mundo encontre um Caminho para a Felicidade.


1 comment:

M. said...

Imparável é a tua memória! Notável!