Nenhuma água lava a mágoa
a cancela em baixo
os ladrões do tempo
os muros onde amorosamente me encostei
Não perdôo o roubo de tantas horas felizes
que me fizeram alguns alguéns
por maldade, poder, fingimento
nada as trará de volta
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2 comments:
Tanta amargura, amiga! Transmitida de uma maneira muito bela, mas tanta amargura...
A mágoa pode ser uma dor sem músculo. Talvez seja por isso que é tão calada e não se expande em zanga, em explosão.
E existem circunstãncias em que só uma certa violência interior ou exterior lava a dor. Uma espécie de luto pela ilusão.
Porque a maldade existe sob várias formas e é infinita e intemporal.
Pessoalmente, só tenho medo da mágoa provocada pela morte dos outros, aqueles a quem me encosto.
A morte é uma maldade irreversível.
Ou de um silêncio aflito que se lhe compare.
Das várias outras mágoas, a dor de um dia transformou-se numa estrada aberta e libertadora no outro. Como se o destino me avisasse do que não deveria seguir.
E foi essa a forma de a lavar: agradecendo-lhe.
Mas há coisas e coisas e cada um...
Beijinhos
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