Friday, September 17, 2010

Caminhadas



Deixo à minha companheira de vôos últimos, Lizzie,

(sabrinas de insónias)

os espantos, as perguntas de Gonzalo
e as botas de caminhos perdidos
(ou ainda por encontrar)
Peut-être.
Quiçá.

2 comments:

Maria Trindade Goes said...

Iguais às minhas que ainda são imberbes e solteiras na arte de sentir paisagens.

São botas de agarrar o chão como se o possuíssem. Botas que puxam o corpo para a sensatez da terra quando a cabeça pede exílio ao espaço, a todos os infinitos de possibilidades.

Também me fazem lembrar a aura do Juan Miró, que sempre sentiu as botas sem as pintar nem lhes dar eternidade.

Uma vez, longe, abandonei uns sapatos na beira de uma estrada. Deliberadamente, deixei-me ficar ali. Meti-me no carro e fui-me embora só com aquilo que haveria de vir. Futuro. Lavei-me do que não queria, vesti-me de novo. Talvez alguém tenha recolhido um pedaço anónimo de história. Ou fotografado.

Mais tarde, de memória, desenhei-os.

Viver espantada é uma inocência constante de viver. Um coração que bate sem ritmo anunciado.

Doendo ou não, com cada novo espanto fica-se um bocadinho mais completa.

Acho eu, não sei.


Obrigada e um abraço.


(como não te lembras onde me viste com nomes...aqui fica)

M. said...

Aquela primeira fotografia de cima trouxe-me à memória um quadro de um pintor conhecido, de cujo nome não me recordo. Está linda!