Iguais às minhas que ainda são imberbes e solteiras na arte de sentir paisagens.
São botas de agarrar o chão como se o possuíssem. Botas que puxam o corpo para a sensatez da terra quando a cabeça pede exílio ao espaço, a todos os infinitos de possibilidades.
Também me fazem lembrar a aura do Juan Miró, que sempre sentiu as botas sem as pintar nem lhes dar eternidade.
Uma vez, longe, abandonei uns sapatos na beira de uma estrada. Deliberadamente, deixei-me ficar ali. Meti-me no carro e fui-me embora só com aquilo que haveria de vir. Futuro. Lavei-me do que não queria, vesti-me de novo. Talvez alguém tenha recolhido um pedaço anónimo de história. Ou fotografado.
Mais tarde, de memória, desenhei-os.
Viver espantada é uma inocência constante de viver. Um coração que bate sem ritmo anunciado.
Doendo ou não, com cada novo espanto fica-se um bocadinho mais completa.
Acho eu, não sei.
Obrigada e um abraço.
(como não te lembras onde me viste com nomes...aqui fica)
2 comments:
Iguais às minhas que ainda são imberbes e solteiras na arte de sentir paisagens.
São botas de agarrar o chão como se o possuíssem. Botas que puxam o corpo para a sensatez da terra quando a cabeça pede exílio ao espaço, a todos os infinitos de possibilidades.
Também me fazem lembrar a aura do Juan Miró, que sempre sentiu as botas sem as pintar nem lhes dar eternidade.
Uma vez, longe, abandonei uns sapatos na beira de uma estrada. Deliberadamente, deixei-me ficar ali. Meti-me no carro e fui-me embora só com aquilo que haveria de vir. Futuro. Lavei-me do que não queria, vesti-me de novo. Talvez alguém tenha recolhido um pedaço anónimo de história. Ou fotografado.
Mais tarde, de memória, desenhei-os.
Viver espantada é uma inocência constante de viver. Um coração que bate sem ritmo anunciado.
Doendo ou não, com cada novo espanto fica-se um bocadinho mais completa.
Acho eu, não sei.
Obrigada e um abraço.
(como não te lembras onde me viste com nomes...aqui fica)
Aquela primeira fotografia de cima trouxe-me à memória um quadro de um pintor conhecido, de cujo nome não me recordo. Está linda!
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