Thursday, March 26, 2020

As notícias

Estranhamente, reparei na data do último post: 2 de Março.
Foi um dia em que alguém muito antigo, muito antigamente chegado, desapareceu. Vivia apenas num cantinho do meu coração, do meu romântico coração cheio de prateleiras. Não preciso de me pôr em cima de um banco para lá chegar, ao pó dos anos.
Deveria deitar fora as velhas cartas embrulhadas em papel de flores?
Têm-me vindo à lembrança muitos risos e sorrisos, muita cumplicidade, muitas coisas em conjunto, até roupa... Como sou capaz de me lembrar além das imagens e palavras, as cores, os sítios, os gostos? Slides e slides no meu cérebro, passando sem ruído, como um filme mudo e sem fim.




Em casa, onde sempre nos juntávamos, os dois amigos que (me) estarão olhando do firmamento. Gosto de acreditar que estão vivos, a anos-luz deste nosso mundo.
Ainda, às estrelas longínquas, não lhes chegou a hora das mortes.

Muitos bocados de tecido, muitas memórias.
Graciosos eram ambos. E, apesar de incomensuráveis distâncias de pensamentos, atitudes, opiniões, é assim que me lembro deles.

Monday, March 2, 2020

Junto do rio, junto da foz

Deixo
o som e o tom do mar,
a transparência das asas,
o rumor dos pensamentos soltos,
a atenção da garça real,
a fluidez líquida do coração,
a promessa nas pontas da árvore.









Era Fevereiro, apenas um mês que custa a passar,
entre pontes.