Esta casa onde se vive e(re)vive há muitos anos.
Não tem sol e tem sol. Nascente-Poente como sempre imaginei que um lugar fosse estar onde eu estivesse.
É uma moeda de duas faces, de um lado tem grades e olhos tapados que escondem o horizonte, do outro o fim da tarde surge espalhado em reflexos que eu noto, de cabeça no ar.
Muita gente aqui passa, ou passou, ao largo e cá dentro.
Muitas coisas vi apenas destas janelas.
Um dia me dará para as recolher aqui, antiguidades.
Como as casas velhas que estão aqui há décadas, já sem os azulejos. Ainda lembro de lá morar gente, as janelas com cortinas, os jardins cuidados.
Posso dizer, como penso, que quem permite e se aproveita disto, deveria ser preso, culpado de abandono...
Uns contam tostões, outros têm anos ou décadas para o negócio especulativo, para esperar por milhões.
Já não há "A" árvore que me dizia das estações. Mais tarde apareceram três pequenas japoneiras a que sorri durante poucos anos. Hoje, asfalto, moderno e três pequenas árvores esgrouviadas. Entrou-se no sistema de "sistematizar" dirigindo, os automóveis, as pessoas, sem passar pela fruição dos espaços comuns. Estamos todos de passagem.
Cheguei a ver muitos poentes em diferido e os arco-íris abraçando o horizonte possível.
Olho para o alto agora, com alguma timidez, por sobre as ininterruptas filas de trânsito e paredes, prédios de todos os feitios. Hoje até já vislumbro um novo "super" recheado disto e aquilo.
Por aqui anda à solta a moda das casas fechadas ou de gente de passagem, é o turismo "sem rei nem roque" e o louco aproveitamento dele.
Não cabe aqui lembrar o mar e o sossego das ruas atrás. Nem há fotografias, só lembranças. Como de amigos perdidos.
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1 comment:
As cores e as palavras dos vários tempos das nossas existências. Algumas destas fotografias têm cor de Natal.
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