Tuesday, January 22, 2013

Eugénio ainda, com a luz do sol e as crianças






Porque SIM, porque a música, porque as crianças, porque o amor, porque a milenar face do homem brilha estelar, porque a Poesia.

Ouvido na RTP2, na voz própria dele, sem lhe saber o título nem o livro onde.

"As crianças são o verde dos frutos
as abelhas todas do rumor dos pulsos
As mulheres procuram impedir que cresçam
quebram-lhes a raiz tímida de desejo.

Trago-as comigo,
                deito-as no poema.

O que em mim é riso
                põe-se à janela."

 

Sunday, January 20, 2013

Eugénio de Andrade

O poeta das luzes: as fortes, as coadas pela mágoa.
Breves carícias, soltos sentimentos, crianças meditando a infância, adultos pensando nas (suas) perdas.

Porque 90 anos de nascimento do poeta, vida se não fora a morte:

"Casa na Chuva

A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde,
se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,





a chuva sobre o teu rosto."

Do livro Antologia Breve de E.A., Circulo de Poesia, edição Moraes Editores /1980.

Thursday, January 17, 2013

Do campo a santa alegria


Indiferentes a crises que não sejam as da Natureza, cataclismos,

indiferentes ao dinheiro, à cobiça,
à conversa, à preguiça,

os pequenos punhos da Primavera, a brotar da terra e das árvores.

Saturday, January 5, 2013

Véspera de 6, de Reis

Se imagino que o carácter é como a coluna vertebral no corpo do espírito,
dói-me, mói-me.
Ambas como ossos envelhecidos, gastos de ser.




Apetecia-me "não"
e assim pousar, pintar de pensar,
silente e ausente
- e o mar.