Saturday, April 28, 2012

... ou mente delicada



Estas coisas de coração decorativas de cor e acção
belamente inesperadas pelo tempo e trabalho, pelo improviso que ensaia encontrar gostos,
dão-me assim como que uma espécie de tépida ternura. E o correio também pode trazer ternuras, sem publicidade, sem contas - só mesmo sentimento almofadado
dentro de envelope.
A pequena felicidade que às vezes se toca: há panos com flores, há flores com panos, há só flores. De L., de A., de I., de M.
Já não me bordavam flores há que anos!
***
Saltam memórias de graça e juventude. E nunca perdoarei a mim mesma não ter "tentado" tirar uma fotografia a dois presentes com flores, isto num passado dos 30 anos, talvez até dos 20: um amigo que soube de repente que era o meu aniversário e foi ao mercado do Bom Sucesso. O gosto e o gozo que lhe deu ter comprado à vendedeira as flores, jarra e tudo, assim mesmo!
A outra vez foi ter chegado uma das minhas colegas derreada com "um monte", literalmente "a bunch of flowers", com as flores mais humildes-mais normais que a loja tinha nesse mês. Não era um ramo ... era um enorme apanhado de jardim inglês. Já lhes encontrei o rasto, nos quadros impressionistas.
Recuando ainda mais, um pequeno ramo de gardénias apanhadas de um arbusto, pousado ao lado da minha primeira máquina de escrever.
A memória pode ser perversa.

1 comment:

M. said...

Pois será talvez a falta de fores bordadas nas nossas vidas um dos nós do problema.
Lindas as tua palavras.