Wednesday, February 22, 2012
Mãe
Estás amparada, mãe,
dos milhões de gestos e atitudes que tiveste tantos anos.
Dos frágeis, dos inesperados, dos casuais, dos femininos, dos egoístas, dos generosos.
Das contas indizíveis, mãe, das convenções.
Estás amparada na almofada do tempo
esperando o nosso tempo de viagem
- o que, em última instância, me vieste pedir.
Que resolvesse a tua vida. Que levasse, decidisse, empacotasse, cortasse.
Pudeste sempre contar comigo e serviste-te sempre disso.
Foi uma inversão de valores, mãe.
O que previa há muito tempo e há um mês. E tanto to disse.
Que a vida à nossa volta é sempre feita de injustiças: a nossa missão própria é procurarmos ser justos nós, com os outros.
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3 comments:
Em silêncio, deixo-te uma carícia no rosto.
Carregam com o peso da memória nas costas da alma.
Frágeis como um fio de seda gasto no rebuliço de um tempo que não aprenderam nem conhecem nem reconhecem.
Não há uma só justiça: existem várias, tantas quantas as que se aprendem no tempo próprio para aprender.
E os velhos já aprenderam há tanto tempo, noutro tempo.
É isso que neles me puxa para a ternura: o olhar perdido de quem não sabe para que tempo fugir. Nem para onde.
Bjs
Foi bonito este teu modo de dizer.
A beleza das coisas, sempre.
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