Passou Maio, passou Junho, andamos em fins de Julho. Os dias incómodos e sofridos faziam-me de quando em vez fugir para as águas da formosa ria: escapar e embeber os olhos no azul.
Ou nas nuvens.
A mão que me era/é tão importante. Aliás, a partir deste problema como o foi de outros, pensei muito nos 5 sentidos: gosto, audição, visão, tacto, olfacto.
Provavelmente aditaria outros, locomoção, memória. E foi a propósito desta última faculdade que tanto prezo que fui visitar o meu antigo liceu.
Todas as recordações que me saltaram, rostos, até. O roseiral dos dois lados da entrada, privilégio da reitora, onde não se podia pôr nem um pé... O átrio, do lado direito o Posto Médico, o vestiário, a montra dos "Perdidos e Achados", o recreio onde se jogava o "mata", a loja onde se compravam os cadernos e o papel cavalinho, a sala de Canto Coral, o Ginásio. Estou a ver-me a cair nas escadas de mármore, depois da ginástica, onde fracturei o pé esquerdo. Até sei os sapatos que calçava, uma presilha mal apertada que me fez cair. Andei com gesso e um estribo durante um mês, o que me fazia "especial" e notada.
Histórias que fariam um livro. A partir de casa, a pé, as ruas, os prédios alguns ainda reconhecíveis, as casas de comércio, o carro eléctrico que raramente podia usar (o 6 ou o 6 com traço, Carvalhosa ou Carvalhido, Monte dos Burgos). A longa escadaria que agora fotografei, jardins sempre tão bonitos e coloridos, as rosas de Santa Teresinha nos muros, na rua abaixo onde paravam "os rapazes" (nem pensar em aproximar-se do liceu!), vindos do Rodrigues de Freitas... Os nomes, os nomes. A certeza das pessoas que conheci há mais de 65 anos.