Hoje estava a pensar (a minha mania) nas pedras. Aqui estava uma em frente, de 2005, um quartzo róseo, de Monfortinho, acho que me lembro do gesto de me baixar para a apanhar. Outra diz Algarve 2009 e é feita de conchas velhas incrustadas. Andam por todos os lados, gavetas e recantos, bocados de terras onde já não irei. Hábito de inúmeras ocasiões, pesado. Penso que, este hábito, tem a mesma idade das caixas e caixinhas e fotografias e escritos. Uma espécie de esqueleto invisível que segura a carne do espírito, da parte palpável, pelo menos. Agarro-a-pedra-agarro-o-espírito, da época.
E de (des)laços se vai fazendo este tempo vago entre as gentes que outrora se conheciam e davam. Sinto agudamente que estas realidades da doença, do medo, do contacto, torna muito distantes, muito mais distantes, os conhecimentos de antigamente. E não cria novos.
Do deserto também tenho uma "rosa", algures.
A lembrança das pedras que se vão semeando pelos caminhos pessoais, faz-me dar a volta a lugares. E ilhas negras, memoráveis.
E as inscrições, o som das pedras em Penha Garcia, muito mais antigas que a lava na Ilha de La Palma.
Um dia há tempos, comecei a tarefa de as escolher e deitar fora as mais "impessoais". Alijar alguma da carga.
As outras... vão ficando. Quem as deitará ao lixo?