Friday, November 3, 2017

Apontamento

Para apontar, de novo sem fotografia.
"O sentimento é o elefante que está no meio da sala e de que ninguém fala."

"O sentimento é quando olhamos para dentro.
A emoção é um motor, algo que nos transporta para fora de nós."

Isto é, mais ou menos, do que me ficou traço, da entrevista na RTP3, do prof. António Damásio, sobre a edição do seu novo livro "A Estranha Ordem das Coisas".
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E encontrei, num acaso e a falar agora de Serralves com uma amiga, uma "tradução" do pensamento e da estranha ordem das coisas. 
Em 2008, o que me dá a medida perfeita das coisas que vou vendo, sentimental e interiormente, fora de sítio.

 

Thursday, November 2, 2017

De livro "Viagem ao fim da noite"

O livro, escrito em 1934, tem a data de edição de 1983, pela Editora Ulisseia. O escritor francês "maldito" Louis-Ferdinand Céline (1894-1961), escritor e médico, tem um estilo que muitas vezes nos faz descer às catacumbas da mente, à miséria dos dias. "Maldito" porque as suas obras da época foram retiradas. Ele seria anti-semita e colaborador do regime nazi em França, durante o governo de Vichy, mais tarde reabilitado. E vem-me à ideia: quantos se poderão LER que não tenham tido, de uma forma ou de outra, desvios de carácter?
Com um certo desprezo pela natureza humana, uma ironia absurda e muitas vezes debochada, Céline entrou cá em casa precisamente por alternância ao politicamente correcto, e à liberdade, que floresceu depois do 25 de Abril 74.
Reli-o agora, com a distância que nos dá a idade, colocando-o na linha de Kafka, Proust, Camus, Sartre, Gide: ou seja, livros que nos dão "da vida" um outro olhar, tantas vezes quase paranóico.
É desse livro-relido, niilista q.b., que várias partes me tocaram, particularmente nesta época da vida.
Página 271
"Descobrimos em todo um passado ridículo tanto ridículo, tanta credulidade, tanta aldrabice, que desejaríamos por certo  acabar de vez com a mocidade, esperar que ela se desprenda, nos ultrapasse, vê-la ir-se, afastar-se, olhá-la em toda a sua futilidade, dar-lhe a mão no seu vazio, vê-la passar de novo à nossa frente e depois partirmos nós, ficarmos certos de que na verdade ela se foi, a juventude, e tranquilamente, pelo nosso próprio caminho, passarmos vagarosamente para o lado de lá do Tempo, e observarmos então a verdade das pessoas e das coisas."

Não encontrei fotografia que "me retrate" nesta prosa: talvez mais tarde.
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Encontrei: não propriamente a juventude mas o arrastamento de todos os belos e enganosos erros dela.